No tocante a florestas plantadas para produção de energia, SOARES FILHO et al. (2002) destacam que a biomassa florestal pode ser utilizada como fonte de energia limpa, renovável, e geradora de empregos. Os autores relatam que, embora possua desenvolvida capacitação tecnológica para exploração dos recursos florestais além de possuir extensas áreas, relevo, clima e condições biológicas excepcionais para a produção da biomassa florestal, o elevado custo de produção seja a explicação para o não aproveitamento da biomassa florestal na geração de eletricidade no Brasil.
A lenha foi o produto energético básico na estrutura do mundo até a Revolução Industrial, movendo os vapores e sendo a fonte de energia que impulsionou o progresso. Mesmo substituída pelo carvão mineral na estrutura energética dos países desenvolvidos no início do século, ainda hoje ela é a fonte de energia primária mais importante para alguns países e para parcelas significativas da população dos países subdesenvolvidos (ASSUMPÇÃO, 1981).
No caso do Brasil, a estrutura energética sofreu transformações significativas, apesar de as fontes primárias de energia guardarem, na referida estrutura, as mesmas posições que ocupavam nos anos 70. Apesar de reduzir sua participação na estrutura de consumo, a lenha mantém-se como terceira fonte de energia primária do País e cresce em valores absolutos (LIMA, 1993).
Entre as fontes de energia utilizadas pelo setor residencial, que em 1994 teve um consumo de lenha em relação aos demais combustíveis de 48,98%, com ligeiro acréscimo em sua participação ao longo do tempo, passou em 2004 a 51,25%. O setor agropecuário, que apresentou um acréscimo no consumo de lenha, em relação a outras fontes de energia, de 0,1% no período de 1994 a 2004 (Quadro 1). O setor industrial registrou um decréscimo no consumo de lenha de 2,15% durante o mesmo período, no entanto, agregando a lenha e o carvão vegetal, o setor industrial passa a ser o principal consumidor de lenha como fonte primária de energia.
Os números do Quadro 1 mostram que a utilização da lenha no Brasil é ainda significativa, principalmente, nas carvoarias para produzir carvão vegetal e na cocção de alimentos nas residências. De forma complementar, o Quadro 2 apresenta o consumo de biomassa florestal para diversas finalidades no Brasil, em 2000.
BRASIL (2004) apresenta a evolução do consumo de biomassa florestal (lenha e carvão vegetal) para fins energéticos, onde observa-se que a participação da biomassa florestal na matriz energética nacional decaiu de cerca de 45,2% em 1971 para 13,2% em 2004, sendo que no período de 1995 a 2004, o consumo médio foi em torno de 23,36*106 de tEP (tonelada equivalente em petróleo), demonstrando a existência de um mercado cativo para a utilização da biomassa florestal para fins energéticos.
A biomassa florestal ainda contribui muito pouco para a produção de eletricidade no Brasil. A produção elétrica a partir da biomassa ocorre no Brasil exclusivamente em centrais auto-produtoras, isto é, empresas que geram para satisfazer, ao menos parcialmente, sua demanda elétrica. Os combustíveis empregados são principalmente o bagaço de cana, nas usinas de açúcar e álcool, o licor negro, nas fábricas de celulose e papel, e a lenha, em indústrias diversas (CEMIG, 1986).
Do mesmo modo que na indústria sucroalcooleira, a produção de papel e celulose apresenta interessantes perspectivas para a produção combinada de energia elétrica e calor útil, tendo em vista suas relações de demanda combinada de eletricidade e vapor de baixa/média pressão e a disponibilidade de combustíveis residuais de processo, como o licor negro e as cascas e resíduos de biomassa.
Como vantagens econômicas da biomassa florestal, podem ser citadas, de acordo com BRASIL (1996), as seguintes: nos países em desenvolvimento, ainda é o combustível mais barato, tanto por tonelada quanto por unidade de calor; não necessita de mão-de-obra qualificada, gerando emprego e fixando o homem no campo; seu armazenamento é possível em espaço aberto, apesar de o poder calorífico diminuir com o tempo; e apresenta baixo teor de cinza e enxofre. Por outro lado, a lenha necessita de planejamento para sua utilização, devido ao controle das áreas florestais por instituições ambientais; exige grande contingente de mão-de-obra, elevando os custos nos países onde os salários são altos; e apresenta poder calorífico inferior ao dos combustíveis fósseis.
Evidencia-se, assim, a importância da biomassa florestal como insumo energético, seja na dimensão temporal, ou seja, na dimensão espacial (em nível nacional e/ou estadual/regional). Portanto a biomassa, particularmente a florestal, deve ser incluída no rol de fontes energéticas consideradas quando da definição de políticas e, diretrizes para o planejamento energético regional e, principalmente, não ser esquecida ou colocada entre as ultimas prioridades quando da execução dos planejamentos elaborados (LIMA e BAJAY, 1998).
Fonte: Thelma Shirlen SOARES, T. S., CARNEIRO, A. C. O., GONÇALVES, E. O., LELLES, J.G. USO DA BIOMASSA FLORESTAL NA GERAÇÃO
DE ENERGIA.


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